terça-feira, 5 de abril de 2011

FLOR DO LIXO


FLOR DO LIXO.


João Dehon Fonseca


Linda! com a cara grudada,

Jovem, com apenas treze anos,

Fugindo da vida, ocultando seus planos

Vi catando lixo, bem maltratada,

Somando desgostos e colhendo danos

Talvez até, revoltada com o mundo,

Mas dentro da alma, bem no fundo,

Parecia alegre diante da vida,

Pois alimentava sua família sofrida;

Colhendo o pão do lixo imundo.


Olhei seu semblante e fiquei orgulhoso,

A jovem menina não chorava, ela ria,

Aquele suor do pão de cada dia,

Descia na face daquele rosto oleoso,

E ela vibrava, enquanto o saco enchia.

A cada caminhão, seu olhar mais fixo,

Misturando-se, com gente e com bicho,

Perguntei-lhe se gostava daquela vida.

Para mim não tem outra saída,

Respondeu-me bem sincera a Flor do Lixo.


Flor do Lixo, teu nome é Rosa,

Poderia ser Tulipa ou até Açucena,

Você foi batizada como Rosa Verbena,

Uma morena linda e mimosa,

Nascida nos prados da Borborema,

Carrega consigo um sentimento profundo,

E no corpo um vestido imundo,

Contrastando com essa sua beleza,

Flor do Lixo! Você tem porte de nobreza,

Paradoxo real desse nosso mundo.


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