sábado, 9 de abril de 2011

O FEIRANTE PEDRO MOCO







No mercado de Itaporanga, Construído por Pitanga, Tinha uma boa feira. Durante a semana inteira Tudo ali se negociava, Mas, no sábado estourava, E ninguém vendia pouco, Segundo nosso Pedro Moco Bom vendedor arrebentava. Vendedor de picolé, Devoto com muita fé, Da virgem da Conceição, Viajava pelo sertão, Com um isopor de lado, Em qualquer carro apertado, Ia para toda feira, De sábado a Sexta-Feira, Seu negócio era o apurado. Dividia com Firmino, Que não era nenhum menino, De besta só tinha o queixo, E pra não sair do eixo, Dessa história presente, Pedro era eficiente, Chegava sempre primeiro Quando o caso era dinheiro, Nunca ficava pendente. Maria era a sua esposa,, Valente que nem raposa, E Pedro não tinha amante, Fez feira em Diamante, Em Boaventura também, Conhecia muito bem, Toda aquela região, Fez feira em Conceição, Em Ibiara mais de cem. Em todo canto vendia, Grande era a freguesia, Uma clientela esperta, Pedro sempre foi poeta, Vendia e fazia verso, Seu estoque era diverso, Estava sempre animado, E dentro de um mercado Não tinha tempo adverso. Olhe aí o picolé de goiaba Tem de manga e de mangaba, Não fique parado aí, Tem de maracujá e de abacaxi Chupe um e se deleite, Tem picolé até de azeite Foi feito com o coração, Ajudem o meu patrão, Seu nome é Firmino Leite Pedro nunca estava só, Andou o Vale do Piancó, Em toda canto armava a banca, Fez feira em Pedra Branca, Em Curral Velho e Boqueirão, No Aguiar foi com o irmão, O Motorista João Moco, Que nunca correu pouco, Andando pelo Sertão. No mercado de Coremas, Na feira livre de Emas, Pedro Moco fez história, E vai ficar na memória, O jeitão como ele é, Em vendas, ele dava olé, Numa feira uns quinhentos, Noutra subia de seiscentos, Era o rei do picolé. Mas todo bom caçador, Do mesmo jeito vendedor, Tem o seu dia caça, E eu não vou fazer graça, Pois Pedro é um cara bacana, E foi em São José de Caiana, Que nosso amigo se deu mal, Foi uma coisa desigual, Com picolé de Caldo de cana. A feira era no dia de Domingo, Na cidade ia ter um bingo, Pedro pensou: vou bombar, Não quis em nada pensar, Mas ele ia ter um tédio, No mercado dentro do prédio, A propaganda começou, Mas logo se decepcionou, Num vendeu nem pra remédio. Quando terminou o dia, Com raiva, ira e agonia, No carro de Nonato entrou, E esse lhe perguntou, Você que é um homem de fé, Isso eu sei que você é Responda em um segundo, Vendeu mais que todo mundo, Num restou um picolé. Pedro Moco meio irado, Por estar sendo gozado, Não contou nem até três, E nem pensou duas vez, Para explicar uma feira ruim, Do começo até o fim, Ele olhou para Notado, E para explicar o fato, Ele explicou bem assim: “Paralisia e boca torta Vizinho ruim em sua porta, Dor de dente a noite inteira Coice nos ovos e cegueira, Morar na boca de um vulcão, Fazer sociedade com o cão,, Um caroço no meio da bunda, Doença venérea imunda, Uma virada de caminhão,” “Uma dor no Coração, Uma lesão no pulmão, Depois morar com Caim, Dar o cu ao um guaxinim, Em qualquer partido de cana, Brigar com uma suçuarana, Morrer de uma caguaneira, É melhor do que dar uma feira, Em São José de Caiana.”

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